Tal ação da lepitina explica por que os regimes alimentares de baixo conteúdo calórico provocam perda significativa de peso nas primeiras semanas e dificuldade progressiva de mantê-la daí em diante. Explica ainda por que, ao desistirmos dessas dietas, recuperamos em poucos dias os quilos que penosamente perdemos ao longo de meses.
A liberação dos mediadores que estimulam o apetite envia sinais que serão captados por uma circuitaria de neurônios específica, que os conduzirá para um centro cerebral localizado nas imediações do hipotálamo (importante para o funcionamento da memória). Os mediadores responsáveis pela saciedade, por sua vez, agirão no mesmo centro, mas serão conduzidos através de outros circuitos neuronais.
As características individuais dessas interações neuronais de alta complexidade são geneticamente controladas. Além de lamentar a sorte, nada podemos fazer contra a tendência à obesidade ou à magreza herdada de nossos antepassados.
No decorrer de milhões de anos, a espécie humana enfrentou a fome e a competição com predadores. O corpo humano foi obrigado pela seleção natural a sofrer adaptações em virtude da ameaça permanente da fome. Desenvolveu mecanismos para garantir a ingestão do maior número de calorias disponíveis com o objetivo de armazená-las sob a forma de gordura, destinada a suprir as necessidades energéticas nos períodos de vacas magras.
Ao detectar a perda dessas reservas, o organismo reage ativamente para recuperá-las: faz cair dramaticamente a energia gasta no metabolismo basal e dispara estímulos inexoráveis para consumirmos a maior quantidade possível de calorias.
Como o desafio enfrentado por nossos antepassados era a falta, e não o excesso, de comida, a seleção natural não levou em conta o mecanismo oposto: aumentar o gasto energético e diminuir o apetite em caso de excesso de gordura. Os sinais biológicos que deveriam surgir em resposta ao acúmulo de peso são extremamente discretos. Não há aumento da energia gasta em repouso, diminuição do apetite ou estímulo para aumentar a energia gasta em atividade. Ao contrário, sobrecarregados pelo peso da gordura, ficamos mais sedentários.
Como conseqüência da adaptação ao longo processo de competição e seleção natural, o cérebro humano tende a proteger os reservatórios de gordura e a forçar o corpo a retornar ao peso mais alto já atingido. O que representou sabedoria extrema em tempos de penúria virou insanidade diante da geladeira cheia.
Dr. Drauzio Varella
Emagrecer já é difícil... Agora saber que até meu cérebro conspira contra... é brincadeira!
É a conclusão óbvia, agente só emagrece com tempo e persistência, digo muuuuuuuuuuuuita persistência, porque terei que ensinar meu cérebro a conviver com 50 quilos a menos, e manter-me assim por uns cinco anos, até que a "memória" do meu peso se mantenha baixa!
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